sábado, 5 de dezembro de 2020

A Morte da Minha Mãe, por Uma Coisa e Outra

 

História da Arte

Ao folhear um livro de Arte, no minuto antes de começar este texto (com que nem sonhava) dei com algumas reproduções da Série Trágica, desenhos com que Flávio de Carvalho registrou a extremamente dolorosa agonia de sua mãe com câncer. Isso me remeteu a um diálogo, logo no início do Ulisses de Joyce, em que o personagem Buck Mulligan lembra o fato de que a mãe do amigo Stephen Dedalus pedira no leito de morte, ao filho sem fé, que se ajoelhasse e fizesse uma oração, no que não foi atendida. E a morte dessas duas senhoras me levou à memória do fim de Dona Ermelinda Emílio Branco Solha.

Amor e morte – contra um Direito de Família póstumo, por Marcos Alves da Silva

 

Amor e morte – contra um Direito de Família póstumo

Amor E Morte

Contra Um Direito De Família Póstumo

 

Em memória de um grande e lendário amor

 

Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é mais forte que a morte”. (Cantares 8:6a)

 

Em uma padaria, tomando café, tratávamos sobre viagem de um dia a Alcobaça. A propósito, minha mulher lia para mim uma das versões da história de amor de Dom Pedro I de Portugal (não o do Brasil) por Dona Inês de Castro. Quando levantou os olhos, viu que eu estava chorando naquele local tão incomum para externar sentimos. As histórias que se convertem em lendas são sempre as melhores. De amor tão proibido, esta é emblemática.

A mais marcante história de amor de Portugal é, sem dúvida, a do proibido amor entre o infante Dom Pedro e Inês de Castro que era dama de companhia de sua mulher, Dona Constança Manuel. Pedro, sendo casado, tinha encontros românticos com Inês nos jardins da Quinta das Lágrimas. Com ela teve filhos, considerados bastardos. Constança, esposa do infante Dom Pedro, veio a falecer em 1345. Com seu falecimento, ele passou a viver com Inês. O caso de amor de Pedro e Inês, que já há muito era conhecido de todos, causava escândalo à Corte Portuguesa e contrariava os “castos costumes da época”.  Seu pai, o rei Dom Afonso IV, sentiu-se afrontado e condenou veementemente aquela união.

Resistindo à censura pública e à desaprovação paterna aquele amor sobreviveu. Pedro e Inês viveram alguns anos em Paços de Santa Clara, em Coimbra, com seus três filhos. Mas o clamor contra o amor proibido só aumentava entre cortesãos de modo que, em janeiro de